Os mercados de commodities exercem grande impacto no comércio mundial, influenciando economias e moldando decisões de investidores, governos e produtores. No Brasil, a soja, o petróleo e o minério de ferro lideram as exportações, mas carne bovina, ouro e outros produtos agrícolas também ganham relevância.

Este artigo traz uma análise aprofundada sobre as forças que movimentam os preços das commodities, os efeitos positivos e negativos no Brasil e estratégias para navegar nesse cenário desafiador.

Definição e Tipos de Commodities

As commodities são produtos básicos, sem diferenciação de marca, comercializados globalmente. Exemplos incluem cereais, minérios, petróleos e metais preciosos. No Brasil, destacam-se:

• Soja e derivados
• Petróleo bruto e produtos refinados
• Minério de ferro
• Carne bovina e alimentos processados

Esses bens são fortemente afetados por ciclos de oferta e demanda globais e por fatores climáticos, políticos e econômicos.

Compreendendo a Variação de Preços

Os preços das commodities podem disparar ou cair bruscamente, gerando incertezas. Três fatores principais impulsionam essas oscilações:

• Demanda chinesa em expansão, especialmente por soja para ração após surtos de peste suína africana.
• Busca por ativos com maior rentabilidade diante de taxas de juros reais negativas em economias centrais.
• Especulação financeira em bolsas de futuros, amplificando movimentos de alta e baixa.

Em 2021, registrou-se forte alta em várias commodities:

No entanto, entre março e agosto de 2025, houve uma queda média de 2,6% nos preços de exportação do Brasil. Metais preciosos conseguiram amenizar essa retração, elevando o índice total.

Impactos Positivos na Economia Brasileira

A valorização das commodities trouxe ganhos significativos:

• Exportações cresceram 22,5% em 2021, alcançando US$ 258,2 bilhões.
• Saldo da balança comercial atingiu US$ 66,4 bilhões, recorde em cinco anos.
• Valorização do real frente ao dólar ajudou a controlar a inflação via importações.

O boom iniciado em 2004 fomentou valorização das exportações brasileiras e atraiu investimentos diretos, gerando empregos e reduzindo desigualdades.

Desafios e Riscos: Pressão Inflacionária

Apesar dos benefícios, a alta das commodities também pressiona os preços internos:

Entre abril de 2020 e 2021, matérias-primas brutas tiveram aumento de 66,58%. O IPCA encerrou abril de 2021 em 6,76%, acima do teto da meta. Em 2025, o índice de preços de alimentos domésticos subiu apenas 4,5% em outubro, refletindo alívio recente.

Atualmente, a inflação para energia tende a recuar 12% em 2025 e mais 10% em 2026, segundo o Banco Mundial, contribuindo para a moderação dos preços ao consumidor.

Contexto Macroeconômico e Política Monetária

Após um crescimento de 3,4% em 2024, o PIB brasileiro deve crescer 2,2% em 2025 e desacelerar para 1,6% em 2026. A fraqueza no segundo trimestre de 2025 (1,5% anualizado) refletiu principalmente o recuo de 16,4% da agricultura.

A taxa SELIC está em 15% (novembro de 2025), mantendo a política altamente restritiva para conter a inflação. Um ciclo de flexibilização poderá começar no fim do ano, mas dificilmente cairá abaixo de 10%.

Como se Preparar e Aproveitar Oportunidades

Para produtores, investidores e gestores, algumas ações práticas podem fortalecer resultados:

• Adote contratos de hedge para reduzir riscos cambiais e de preço.
• Implemente diversificação eficiente de portfólio de commodities para diluir impactos setoriais.
• Invista em tecnologia e práticas agrícolas sustentáveis para aumentar produtividade.
• Estabeleça planejamento estratégico de longo prazo, antecipando cenários de mercado.

Essas medidas reforçam a resiliência e crescimento sustentado mesmo em ciclos adversos.

Conclusão: Planejamento e Resiliência

As commodities continuarão a moldar a economia global e brasileira, impondo desafios e abrindo caminhos para inovação. Dominar a gestão de riscos financeiros eficaz e manter a adaptabilidade são fundamentais.

Ao entender as forças por trás das oscilações e adotar estratégias sólidas, empresas e investidores podem transformar a volatilidade em oportunidade. O futuro das commodities depende de um equilíbrio entre análise de mercado, tecnologia e visão de longo prazo.