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Investimento Sustentável: Lucro e Propósito Andando Juntos

Investimento Sustentável: Lucro e Propósito Andando Juntos

19/10/2025 - 05:55
Bruno Anderson
Investimento Sustentável: Lucro e Propósito Andando Juntos

O mundo dos investimentos está passando por uma transformação profunda. Cada vez mais, a busca por rentabilidade anda lado a lado com a responsabilidade socioambiental. As empresas, os gestores de recursos e os próprios investidores estão descobrindo que é possível gerar retorno financeiro e, ao mesmo tempo, promover mudanças concretas para o planeta e a sociedade.

Por que investir em sustentabilidade?

Investir de forma sustentável não é apenas uma tendência: trata-se de um movimento global que busca unir resultados financeiros e impacto positivo. No Brasil, o setor privado demonstrou um compromisso crescente com essa agenda. Durante a Pré-COP30, foi divulgado que os investimentos em sustentabilidade atingiram R$ 48,2 bilhões em 2025, um crescimento de 24,2% em relação a 2024. Esses números refletem o esforço conjunto de mais de 209 empresas, envolvidas em 316 projetos em andamento.

Para o investidor, essa revolução significa novas oportunidades, diversificação de carteira e, principalmente, a chance de alinhar patrimônio e propósito.

Panorama atual do mercado

Em julho de 2025, os fundos de investimento sustentável (IS) alcançaram um patrimônio líquido de R$ 36,8 bilhões, registrando um crescimento de 89% comparado a julho de 2024. Além disso, a captação líquida de quase R$ 8 bilhões já superou o total de 2024.

O aumento no número de contas em fundos IS foi expressivo: passou de 80,4 mil para 149,8 mil no período. Nos primeiros nove meses de 2025, os aportes chegaram a 10,6 bilhões de reais em aportes, sinalizando o interesse crescente dos investidores.

Impactos ambientais mensuráveis

Os resultados dessas iniciativas são tangíveis e promovem benefícios diretos ao meio ambiente. Confira alguns dados impressionantes:

  • 11,1 milhões de hectares preservados ou restaurados
  • 23,5 mil GWh de energia limpa gerados
  • 4,3 bilhões de litros de biocombustíveis produzidos
  • 202,9 milhões de toneladas de resíduos tratados ou reaproveitados
  • 36,8 bilhões de litros de água reutilizados
  • 305,8 milhões de toneladas de CO₂ equivalente evitadas

Esses resultados mostram que o capital direcionado a projetos bem estruturados pode gerar impactos ambientais mensuráveis, contribuindo para a conservação de recursos naturais e a mitigação das mudanças climáticas.

Composição dos fundos sustentáveis

Os fundos de renda fixa dominam o cenário, representando cerca de 65% do patrimônio líquido, com R$ 23,8 bilhões. O salto de 170,7% em relação a julho de 2024 se deve à emissão intensa de títulos verdes, debêntures, CRIs e CRAs.

Enquanto os fundos multimercado e de ações apresentaram retração, os fundos de direitos creditórios (FIDC) e de investimento em participações (FIPs) mostraram grande potencial de valorização.

Estratégias para investir com propósito

Para quem deseja ingressar nessa jornada, algumas dicas práticas podem ajudar a equilibrar risco e retorno, sem perder o foco no impacto:

  • Analise relatórios de sustentabilidade e certificações reconhecidas, garantindo aderência a padrões internacionais.
  • Diversifique entre renda fixa, multimercado e ações, favorecendo portfólios complementares.
  • Considere fundos temáticos, com foco em mudança climática ou transição energética.
  • Monitore regularmente indicadores de impacto, como toneladas de CO₂ evitadas ou hectares preservados.
  • Busque assessoria especializada para entender riscos e oportunidades.

Adotar essas práticas contribui para investidores conscientes e engajados, capazes de avaliar não apenas o desempenho financeiro, mas também a relevância social e ambiental dos projetos.

Desafios e recomendações

Embora o mercado de fundos IS tenha crescido, ele ainda representa apenas 0,37% do patrimônio líquido total da indústria. Segundo especialistas, o setor enfrenta barreiras como baixo letramento dos investidores e falta de padronização na divulgação de impactos.

Além disso, é fundamental promover a transição para uma economia limpa sem gerar exclusões. Como alerta, é preciso não deixar ninguém para trás, alinhando agendas sociais à preservação ambiental.

Para superar esses obstáculos, sugere-se:

  • Maior transparência na divulgação de métricas de impacto.
  • Educação financeira e ambiental para investidores iniciantes.
  • Incentivos regulatórios que estimulem a emissão de títulos sustentáveis.

Perspectivas para a COP30

Em novembro de 2025, a COP30 será realizada em Belém. Esse evento representa uma oportunidade única para o Brasil escalar investimentos em bioeconomia, adaptação climática e energias renováveis.

Com 152 emissores, forte participação corporativa e preferência por moeda local, o país demonstra capacidade de liderar iniciativas globais. A expectativa é que a conferência impulsione ainda mais o interesse de investidores institucionais e de varejo em soluções financeiras alinhadas a critérios ESG.

O momento é promissor. Integrar lucro e propósito em uma única estratégia não é apenas viável: é urgente. Investir de forma sustentável é contribuir para um futuro mais equilibrado, onde a prosperidade financeira anda de mãos dadas com a preservação do planeta e o bem-estar coletivo.

Bruno Anderson

Sobre o Autor: Bruno Anderson

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