Home
>
Análise Econômica
>
O Papel do Governo na Economia

O Papel do Governo na Economia

24/10/2025 - 02:30
Giovanni Medeiros
O Papel do Governo na Economia

Em 2025, o Brasil atravessa um momento de crescimento moderado em meio a desafios, que exigem do governo habilidade para equilibrar metas fiscais, políticas monetárias e programas sociais. Neste artigo, exploraremos como as ações do setor público moldam o desempenho macroeconômico e geram impacto na vida dos brasileiros.

Panorama Macroeconômico Brasileiro

As projeções de crescimento do PIB variam conforme as instituições:

Embora as estimativas variem, há consenso de que o ritmo de expansão ficará abaixo do potencial de 3% previsto para o ciclo 2023–2026. A desaceleração da demanda interna, o nível restritivo de 15% na taxa Selic e as incertezas externas contribuem para um quadro de cautela.

Mesmo assim, a resiliência do mercado de trabalho e o ambiente global de preços favoráveis a commodities oferecem oportunidades de sustentação do crescimento.

Políticas Fiscais: Consolidação e Reformas

O Arcabouço Fiscal permanece no centro das estratégias de governo para garantir elevado endividamento e rigidez orçamentária sem comprometer a credibilidade. A meta é conter gastos e cumprir o teto constitucional, ainda que isso gere um viés contracionista.

Para ampliar a base de receita e reduzir déficits, o Executivo articulou reformas estruturais:

  • Reforma Tributária: modernização de impostos estaduais e federais, reduzindo complexidade.
  • Reforma do Imposto de Renda: isenção a 15 milhões de pessoas e tributação de 141 mil super-ricos.
  • Regulamentação dos supersalários no serviço público, buscando justiça contributiva.
  • Compensações pela desoneração da folha em grandes setores produtivos.

Especialistas alertam que parte das receitas projetadas depende de aprovação no Congresso e de fluxos extraordinários, como lucros de offshores, que podem não se repetir.

Política Monetária: Juros e Inflação

Desde o aumento até 15% em 2025, o Banco Central adotou um ciclo de manutenção da taxa. A taxa básica de juros (Selic) segue inalterada para ancorar expectativas e convergir à meta de 3% de inflação.

O FMI estima inflação média de 5,2% no ano, acima do teto de tolerância. O governo sustenta que a combinação de metas fiscais e monetárias será suficiente para acomodar preços ao longo do segundo semestre.

No câmbio, a ausência de meta formal do Banco Central vem sendo compensada por intervenções pontuais para conter volatilidade, diante da desvalorização mais intensa do real frente a outras moedas emergentes.

Programas de Transferência de Renda e Estímulos

  • Pé de Meia: incentivo à poupança estudantil, formando reservas financeiras.
  • Consignado para trabalhadores do setor privado: crédito com juros mais baixos para substituir agiotagem.
  • Liberação do FGTS no modelo saque-aniversário, ampliando liquidez dos trabalhadores.
  • Antecipação do 13º salário para aposentados, reforçando consumo no início do ano.
  • Bolsa Família: estabilização de renda às famílias de menor poder aquisitivo.

Esses programas ajudam a manter a demanda interna e evitam uma queda brusca na massa salarial, ainda que adicionem pressão fiscal de curto prazo.

Desafios e Perspectivas para o Futuro

O mercado de trabalho, a despeito do cenário de juros altos, vive o melhor momento de distribuição de renda recente, com desemprego em níveis baixos e incremento real de salários.

No entanto, a expectativa de desaceleração em 2026 surge devido à estabilização das transferências e à provável retração nos investimentos públicos após a conclusão de grandes obras no primeiro semestre.

As contas públicas permanecem vulneráveis. O déficit fiscal pode se agravar se as projeções de receitas não se confirmarem ou se medidas estruturais forem postergadas.

Externamente, as tarifas americanas sobre produtos brasileiros exigem esforço diplomático para renegociação. A guerra comercial EUA–China traz, ao mesmo tempo, risco e oportunidade: o agronegócio brasileiro pode ganhar novos mercados.

O governo também aposta em energia limpa e barata e no Plano Nacional de Data Centers para atrair investimentos em tecnologia, reduzindo o déficit em serviços e fortalecendo a infraestrutura digital.

Construindo um Caminho Sustentável

Para que o Brasil equilibre crescimento com responsabilidade fiscal, será essencial:

  • Manter o compromisso com metas fiscais claras e realistas.
  • Concluir reformas estruturais que ampliem receitas permanentes.
  • Fortalecer programas sociais de forma sustentável.
  • Promover a diversificação de exportações e investimentos em tecnologia.

Com diálogo entre os Poderes, transparência nas contas e foco em resultados de longo prazo, o governo pode exercer um papel catalisador para o desenvolvimento, beneficiando tanto o setor produtivo quanto as famílias brasileiras.

Este é o desafio de 2025: conduzir uma economia complexa em direção ao crescimento inclusivo, com solidez e responsabilidade.

Giovanni Medeiros

Sobre o Autor: Giovanni Medeiros

Giovanni Medeiros